A suplementação de proteínas pode aumentar a força muscular?

Proteínas são macromoléculas compostas por aminoácidos que possuem diversas propriedades (estrutural, contrátil, transporte, enzimática, etc.). No contexto da nutrição esportiva, o consumo de proteínas é constantemente associado com aumento de massa magra, maior capacidade de geração de força e recuperação muscular após o esforço. Entretanto, boa parte destas evidências derivam de estudos de caráter agudo (1 sessão de exercício/1 dose), sugerindo possíveis adaptações crônicas (em meses) que podem ser refletidas como hipertrofia e força muscular. Até que ponto podemos extrapolar as evidências agudas para o âmbito crônico? Qual a validade externa dos dados agudos?

Suplementação de proteinas

A hipótese dos dados agudos gira em torno do padrão de aminoacidemia gerado após a ingestão de determinado suplemento/alimento. Por exemplo, proteínas de rápida digestão e absorção geram um padrão de aminoacidemia caracterizado como transitório, ou seja, picos de aminoácidos na circulação rápidos e curtos, ao contrário daquelas que apresentam menor padrão de digestibilidade (1). O reflexo de tal resposta fisiológica está na taxa de síntese proteica muscular, ou seja, do acúmulo de proteína contráteis (miofibrilares). Isto sugere que, cronicamente, tal efeito resulte e acúmulo de massa magra e aumento de força muscular.

Entretanto, recente foi publicada uma meta-análise (reunião dos principais estudos com tratamento estatístico adequado) no American Journal of Clinical Nutrition avaliando o papel da suplementação de proteínas (independente da fonte proteica) associada ao treinamento de força (crônico) sobre as adaptações estruturais e funcionais do músculo esquelético em jovens e idosos (2). Dentre os compostos proteicos que foram considerados estavam a proteína do soro do leite (whey protein), soja, caseína e o próprio leite (alimento). De modo geral, o tratamento estatístico dos dados demonstrou que a suplementação de proteínas associada ao treinamento de força é muito mais efetiva em promover adaptações referentes ao ganho de força muscular do que em relação ao ganho de massa magra. Conforme demonstrado nas figuras abaixo (extraídas da publicação), o ganho médio de massa muscular encontrado foi de aproximadamente 0,69 kg, enquanto que a média de ganho de força foi em torno de 13,5 kg. Isso demonstra que o consumo de proteínas apresenta efeito clínico considerável apenas sobre o ganho de força muscular.

Portanto, visto que a variável “força muscular” deriva de um estímulo neural primariamente, ou seja, do treinamento, o consumo de proteínas favorece tal adaptação. Assim, a primeira variável que deve ser considerada é o treinamento (volume, intensidade, tonelagem, intervalo de repouso, frequência, duração, etc.) para que o nutriente tenha um ambiente favorável para agir. Em segundo lugar, o consumo diário de proteínas por meio da dieta deve ser considerado previamente a indicação de qualquer suplemento nutricional. Isto vale também para os demais nutrientes (carboidratos, proteínas , vitaminas, minerais).

Em resumo, dados agudos nem sempre são confirmados de modo crônico. Consulte um educador físico para avaliar se o seu treinamento está adequado ou não. Posteriormente, o profissional da área de nutrição (com conhecimento em princípios de treinamento) irá avaliar se a suplementação proteica é ou não justificável e, se sim, qual a fonte ideal, horário do dia, quantidade de consumo, forma de ingestão, etc. Todas essas variáveis devem ser consideradas visando a adaptação que o consumo proteico pode potencializar: força muscular.

Fonte: integralmedica.com.br

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