Ingestão de proteínas e exercício de endurance

 

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O exercício exerce profunda influência sobre o metabolismo de proteínas. Entre as variáveis moduladas, a influência sobre o turnover (balanço) proteico muscular é de interesse primário, uma vez que o músculo esquelético compreende aproximadamente 40% de todos os estoques de proteína corporal. O modo, a intensidade e a duração do exercício realizado, juntamente com o estado de treinamento do indivíduo, influenciam a magnitude e direção do balanço proteico muscular. O impacto de uma sessão de exercício aeróbio sobre o metabolismo muscular esquelético em humanos já foi estudado com metodologias de referência. Quando se trata de síntese proteica, sabe-se, até o momento, que o exercício de caráter aeróbio estimula a síntese de proteínas referentes a maquinaria mitocondrial, e não miofibrilar. Não há dados publicados demonstrando como a proteólise do músculo esquelético reage durante uma única sessão de exercício aeróbio.

Postula-se que a síntese e a degradação de proteínas musculares trabalham de forma coordenada de acordo com a disponibilidade de aminoácidos intracelulares, em particular de aminoácidos essenciais. Portanto, quando os aminoácidos estão disponíveis, a síntese proteica se eleva e, quando eles são deficientes, a degradação aumenta na tentativa de fornecer aminoácidos livres. Quando a síntese de proteína muscular é elevada, as concentrações de aminoácidos intramusculares caem em função da incorporação de aminoácidos na formação de proteínas musculares que variam de acordo com a característica do estímulo. Por exemplo, o estímulo aeróbio, caracterizado por contrações constantes de longa duração e de baixa/moderada intensidade, favorece a incorporação desses aminoácidos para formação de proteínas musculares. Em jejum, a “reciclagem” de aminoácidos entre o pool de aminoácidos intra e extracelulares pode ser um ciclo fútil ou até mesmo catabólico, resultando em ganho muscular zero ou até mesmo perda de massa magra. Esse é um dos pontos críticos da discussão sobre a eficiência de se realizar o exercício aeróbio em jejum ou após a suplementação de proteínas. Uma vez que a proteína dietética é uma fonte primordial de aminoácidos para o organismo, o consumo proteico influencia diretamente o fornecimento de aminoácidos para o músculo esquelético e, consequentemente, afeta o balanço proteico e a eficiência muscular em resposta à contração em longo prazo.

Teoricamente, o aumento da ingestão de proteínas poderia aumentar a disponibilidade de aminoácidos livres e reduzir a dependência da degradação proteica para seu fornecimento. Bolster et al. (2005) avaliaram o impacto de diferentes níveis de ingestão proteica sobre o metabolismo muscular associados ao exercício aeróbio. O nível mais alto de ingestão foi baseado na recomendação de planos de dieta contemporâneos (ou seja, a composição 40/30/30 de macronutrientes, carboidratos, lipídeos e proteínas, respectivamente), o nível médio refletiu recomendações para atletas de resistência e, da ingestão diária recomendada para essa faixa constituiu-se o baixo nível (baixo teor de proteína). A hipótese postulada foi que o consumo de proteína dietética além do que é recomendado poderia melhorar a resposta sintética muscular após uma sessão de exercício aeróbio e, consequentemente, o balanço proteico muscular. A taxa de síntese proteica muscular foi significativamente superior para os grupos que consumiram tanto baixo quanto moderado nível de proteínas em comparação com a dieta rica nesse nutriente. Após essa observação inicial dos dados, concluiu-se que o aumento da ingestão de proteína não gera nenhum benefício para o músculo esquelético em resposta ao exercício aeróbio. No entanto, quando analisamos os dados de balanço proteico muscular (síntese e degradação), algumas diferenças interessantes começam a surgir. A dieta com alto teor proteico resultou em menor taxa de proteólise muscular e, consequentemente, menor balanço negativo de proteína líquida após o exercício.

Dessa forma, o aumento dos níveis circulantes de aminoácidos, como resultado do aumento da ingestão proteica, pode contribuir significativamente para alterações na utilização de proteínas por meio da atenuação da proteólise muscular pós-exercício. É plausível que o aumento da concentração plasmática de BCAAs e dos demais aminoácidos essenciais na dieta rica em proteínas possa ter atenuado a quebra de proteínas durante o exercício. O ambiente potencialmente menos catabólico durante o exercício pode ter reduzido a magnitude de tal resposta. Esses resultados fornecem evidência de suporte ao conceito de que uma diminuição gradual na degradação proteica pós-exercício ocorra com o aumento da ingestão (suplementação) de proteína.

Fonte:Integralmedica.com.br

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Ingestão de proteínas e exercício de endurance
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O exercício exerce profunda influência sobre o metabolismo de proteínas. Entre as variáveis moduladas, a influência sobre o turnover (balanço) proteico muscular é de interesse primário, uma vez que o músculo esquelético compreende aproximadamente 40% de todos os estoques de proteína corporal.

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